terça-feira, 22 de junho de 2010

FLUVIAL

O que passa nessa beira mais que o rio?
Só eu
só eu sei o quanto passa esse rio
só eu que sinto o frio
só eu que guardo as águas e o frio

Se minha carne é fraca
é porque é pedra que a água esburaca
e o é pois que é margem
só eu guardo em minhas roupas a paisagem
e sob o sol, o céu, a lua corro sem paragem

Na minha pele o sol reluz seu brilho
me ofusca aos olhos de quem me vê passar
e eu passo mais, chega a noite e não me apaga
porque a lua me tatua de estrelas quando escura a  madrugada

Mesmo porto em que passei e passarei
só eu guardo no meu corpo todo o cais
só eu passo sem cansaço e sem parar
e corro sempre em frente para o mar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário